quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Lição 9 A Necessidade de Termos uma Vida Santa



              Lição 9 A Necessidade de Termos uma Vida Santa

INTRODUÇÃO: Quando o pecador se arrepende e aceita Jesus como seu Salvador pessoal, ele é justificado, regenerado, santificado e adotado na família de Deus. A santificação é especialidade do Espírito Santo; é instantânea, mas ao mesmo tempo progressiva, pois esse processo continua na vida do crente. O presente estudo pretende explicar a necessidade e a possibilidade de uma vida santa.

Comentarista: Pastor Esequias Soares é líder da Assembleia de Deus em Jundiaí – SP, graduado em Letras (Hebraico) pela Universidade de São Paulo, Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie, professor de Hebraico, Grego e Apologia Cristã. Conferencista e palestrante em diversas eventos e igrejas no Brasil e no exterior, sempre alertando contra as falsas doutrinas e seitas. https://youtu.be/2Evr_JGD7Fs 

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#1.DEFININDO OS TERMOS

1. A santidade de Deus: Essa santidade é absoluta, pois Deus é santo em seu caráter e essência, conforme disse o profeta Amos, em duas ocasiões: "Jurou o Senhor Jeová, pela sua santidade" e "Jurou o Senhor Jeová pela sua alma" (Am 4.2; 6.8). A santidade é característica fundamental de Deus (Is 6.3; Ap 4.8). Ele é singular por causa de sua majestade infinita e também em virtude de se tratar de um Ser totalmente distinto e separado, em pureza, de suas criaturas (SI 99.1-5). Essa santidade é a plenitude gloriosa da excelência moral de Deus, que existe nEle e que nEle se originou, não tendo sido derivada de ninguém: "Não há santo como é o SENHOR [...]" (1 Sm 2.2).

(Is.6. 1 NO ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. 2 Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. 3 E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória).

2. Significado: O verbo hebraico qadash,"ser santo", e seus derivados "santo, santificar, dedicar, consagrar", no Antigo Testamento, significam "separar". Quando aplicado à religião de Israel, tem a ideia de "separar para Deus, retirar do uso comum", tal como pode ser visto em Levítico 10.10. Isso vale para lugares (Êx 3.5), casas e campos (Lv 17.14,16), utensílios e animais (Lv 8.10,11; 10.12,13,17), o ouro do Templo (Mt 23.17,19), pessoas (Êx 28.41) e muitas outras coisas, como dias santos, festas, etc. Assim, o sentido de santidade é de afastar-se de tudo o que é pecaminoso, de tudo o que contamina. A Septuaginta traduz qadosh,"santo", pelo termo grego hagíos, "santo", palavra adotada pelos escritores do Novo Testamento. Há outro termo menos comum, mas igualmente importante, taher, "purificar", e seu cognato katharizo, no grego, usado na Septuaginta e no Novo Testamento nos sentidos cerimonial e moral.

3. Exclusividade: Dizer que qualquer coisa, objeto ou pessoa é consagrada, separada ou dedicada a Deus significa dizer que isso pertence a Ele (Êx 13.2) ou serve a Ele com exclusividade (Êx 30.30; Lv 20.26). O que é sagrado não pode ter uso comum; o azeite da unção e o incenso do santuário não podiam ter outro uso (Êx 30.33,38). O sagrado deve ser tratado como tal. Os antigos hebreus levavam a santidade a sério. Todos esses rituais de consagração são representações visuais de verdades espirituais reveladas no Novo Testamento (Cl 2.17; Hb 8.5; 9.9).

*Porque devemos vivermos santos (separados) para Deus? (1Pe.1.13-15). Vejamos:
A) Deus nos fez, ele nos formou, somos Dele (Gn.1.26-27); (Sl.24.1); (1Co.6.13)
B) Fomos comprados pelo sangue de Jesus para Deus (Pe.1.18-19); (Ap.5.9-10);
C) Não pertencemos mais a nós mesmos (1Co.6.20)
D) Deus, Jesus e o Espírito Santo habita em nós, pois somos sua morada (1Co.6.19)

SUBSÍDIO DIDÁTICO

Este tópico tem uma característica conceitual, por esse motivo sugerimos que o prezado professor, a prezada professora, estude bem os termos tanto do Antigo quanto do Novo Testamento para o termo "santo". Nesta oportunidade, disponibilizamos o conceito exegético desse termo:
"Santo [Antigo Testamento]. qõdesh: 'santidade, coisa santa, santuário'. Este substantivo ocorre 469 vezes com os significados de: 'santidade' (Êx 15.11), 'coisas santas' (Nm 4.15, ARA) e 'santuário' (Êx 36.4).
Santo (Novo Testamento): hagiasmos, é traduzido em Rm 6.19,22; 1Ts 4.7; 1Tm 2.15; Hb 12.14 por 'santificação'.

Significa:

(a) separação para Deus (1 Co 1.30; 2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2);

(b) o estado resultante, a conduta que convém àqueles que são separados (1Ts 4.3,4,7; e os quatro primeiros textos citados acima). A 'santificação' é, pois, o estado predeterminado por Deus para os crentes, no qual Ele pela graça os chama, e no qual eles começam o curso cristão e assim o buscam.
Por conseguinte, eles são chamados 'santos' (hagioi)" (VINE, W. E.; UNGER, Merril F. (et ali). Dicionário Vine: O Significado Exegética e Expositivos das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.281,970).

#2.A NECESSIDADE DE TERMOS UMA VIDA SANTA

1. Israel: O apelo à santidade diz respeito à pureza da nação de Israel para manter o povo distante da idolatria, da prostituição e de outras práticas pecaminosas. Deus escolheu Israel para ser sua propriedade particular dentre todos os povos, reino sacerdotal e povo santo: "[...] então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha. E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo [...]" (Êx 19.5,6). O estilo de vida dos israelitas devia estar de acordo com a santidade do seu Deus: "Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo" (Lv 19.2). Essa santidade exigida era mais do que natural, porque Deus é santo (Lv 11.44), e os israelitas foram 
"separados", ou seja, "retirados" dentre os povos para Deus.

*Israel durante 450 anos foram escravos no Egito e conviveram dia a dia com a cultura egípcia, os egípcios eram politeístas, imorais, violentos e etc; Deus os libertaria da escravidão egípcia e os levaria para possuir a terra dos cananeus que tinham a mesma cultura pecaminosa dos egípcios, contra isso, Deus deu-lhes ordenanças para que vivessem de modo diferente dos egípcios e cananeus. Porque?

O Senhor Deus revelou seu poder pelos sinais no Egito, mas com suas ordenanças, Ele revelou o seu caráter, Israel através de seu modo diferente de viver, revelaria o Deus que serviam.

2. A Igreja: Os três propósitos de Deus com Israel são os mesmos para a Igreja: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1Pe 2.9). Assim como os israelitas, fomos chamados por Deus e separados para o seu serviço; agora somos sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Desde os tempos do Antigo Testamento, a idolatria e a prostituição sempre caminharam juntas (Jz 8.33; Os A.13,14). Esses são os mesmos desafios da igreja hoje: "Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição" (1Ts 4.3). Devemos fugir da prostituição e também da idolatria (1Co 6.18; 10.14).

*A igreja de Cristo, serve e adora o mesmo Deus dos judeus e o Deus santo dos judeus é o mesmo nosso, portanto, assim como Deus ordenou a santidade (separação) dos israelitas, nos ordena sermos santos também, pois estamos num mundo cultural pecaminoso, a idolatria, violência, corrupção, drogas, imoralidade sexual e muito mais, tem regido nossa sociedade.

(Fl.2. 14 Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; 15 Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo).

3. Uma exigência natural: Essa exigência é mais do que natural porque Deus é Santo: "mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo" (l Pé 1.15,16) assim como o é seu Filho Jesus Cristo (Lc 1.35; Jo 6.69). Da mesma maneira como Deus escolheu e santificou o povo de Israel para viver em santidade, assim também o Senhor Jesus nos chamou para vivermos uma vida santa. Israel precisava viver longe das práticas imorais dos cananeus, nós, da mesma forma devemos nos abster da prostituição.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"Quem subirá ao monte do Senhor Quem estará no seu lugar santo? 'Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e justiça do Deus da sua salvação' ([SI 24]vv.3,4).
Estou profundamente convencido de que oração pelo reavivamento é uma ofensa diante de Deus se não tivermos um coração puro. É quase uma blasfêmia ousar entrar na presença do Deus santo e pedir que nos abençoe se os nossos corações não estiverem puros diante dEle. A oração pelo reavivamento tem um pré-requisito. Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará no seu lugar santo? Quem estará em sua presença? Quem estará na sala do trono - o santo dos santos-conforme descreve Hebreus 10?" (BLACKABY, Henry. Santidade: O piano de Deus para uma vida abundante, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp.77-78).

CONHEÇA MAIS

Santificação
"A Santificação precisa ser distinguida da justificação. Na justificação, Deus atribui ao crente, no momento em que recebe a Cristo, a própria justiça de Cristo, e a partir de então vê esta pessoa como se ela tivesse morrido, sido sepultada e ressuscitada em novidade de vida em Cristo (Rm 6.4-10). É uma mudança que ocorre 'de uma vez por todas' na condição legal ou judicial da pessoa diante de Deus. A santificação, em contraste, é um processo progressivo que ocorre na vida do pecador regenerado, momento a momento." Para conhecer mais, leia Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, p.1762.

#3.A POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA VIDA SANTA

1. A santificação posicional: É o primeiro aspecto da santificação, também chamado de santificação passada ou instantânea. É posicional porque acontece uma mudança no ser humano, de pecador para santificado em Cristo (At 26.18; 1Co 1.2). É a santificação que ocorre quando o pecador recebe, pela fé, a Jesus como Senhor e Salvador pessoal (1 Co 1.30). Essa santificação é instantânea, mas é também o começo de uma vida progressiva de santificação. Todos nós, salvos em Jesus, somos santos, e é assim que somos reconhecidos no Novo Testamento (At 9.13,32,41) e é dessa maneira que o apóstolo Paulo se dirige aos crentes nas suas epístolas (Rm 1.7). A base dessa santificação é o sacrifício de Jesus (Hb 10.10,14), mas ela é obra do Deus trino e uno por ocasião da conversão do pecador a Cristo (Jo 17.17; 1 Co 6.11; 1Pe 1.2).

*Ao aceitarmos o sacrifício de Cristo, temos nossos pecados purificados, somos lavados, limpos de toda imundícia do pecado (2Co.5.17); (1Jo.1.9) e fomos reconciliados com Deus, esta é a santificação posicional.

(Cl.1.13 O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; 14 Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados).

2. A santificação real: É conhecida como a santificação presente. Ela é progressiva (Pv 4.18). A cada dia avançamos em santidade: "Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Co 3.18). Observe que havia crentes carnais na Igreja de Corinto (1Co 3.3) e, mesmo assim, eles são considerados "santos", por isso precisavam de crescimento espiritual (2 Pé 3.18). De igual modo, o apóstolo Pedro exorta à santificação (1 Pe 1.15,16) os mesmos que ele antes chama "santos" 1 Pe 1.2). Isso é possível porque somos nascidos de Deus (1 Jo 4.7; 5.1) e o Espírito Santo está em nós e habita em nós (Jo 14.17; 2 Tm 1.14).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

No mundo, os crentes são forasteiros peregrinos (Hb 11.13; 1 Pe 2.11).

(a) Não devem pertencer ao mundo (Jo 15.9), não ' conformar com o mundo (ver Rm 12.2), não amar para o mundo (2.15), vencer o mundo (5.4), odiar a iniquidade do mundo (ver Hb 1.9), morrer para o mundo e ao Pai ao mesmo tempo (Mt 6.24; Lc 16.13; ver Tg 4.4). Amar o mundo significa estar em estreita comunhão com ele e dedicar-se aos seus valores, interesses, caminhos e prazeres. Significa ter prazer e satisfação naquilo que ofende a Deus e que se opõe a Ele (Lc 23.35). Note, é claro, que os termos 'mundo' e 'terra' não são sinônimos; Deus não proíbe o amor à terra criada, i.e., à natureza, às montanhas, às florestas, etc" (ARRINGTON, French L; SRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, pp.1957-58).

3. A santificação futura: É o terceiro aspecto da santificação, conhecido também como "glorificação" (Fp 3.11). Na ressurreição, seremos completos, e isso é extensivo à santificação, quando o Senhor Jesus declara "que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso" (Fp 3.21). É nessa ocasião que veremos a Deus como Ele é (1Jo 3.2). Essa é a nossa esperança.

(Tt.2.11 Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, 12 Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, 13 Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo).

(Hb.9.28 Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação).

4. É possível ser santo?: Sim! É possível. E deve ser o desejo de todo cristão se parecer com Jesus e ter uma vida santa, assim como o Mestre teve. Pela sua infinita graça, Deus concede vida santa a todos os pecadores, desde que eles se arrependam e confessem o nome de Jesus (Rm 10.9,10). Assim, Deus disponibilizou três meios para a santificação: o sangue de Jesus: "E, por isso, também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta" (Hb 13.12); o Espírito Santo (2 Ts 2.13); e a própria Palavra de Deus (Jo 17.17; Ef 5.26). O Senhor nos forneceu todos os recursos necessários para uma vida santa e separada do mundanismo (Rm 12.1,2).

*A nossa santificação é possível:

A) O Sangue de Jesus: O sacrifício de Jesus é eficaz (Hb.9.11-14; Hb.10.10-12)

(1Jo.1. 7 Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado).

B) A Palavra de Deus: (Sl.119.9-11); (Jo.17.17); (Ef.5.25-27); (Tt.3.3-7)

(Jo.17.17 Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade).

C) O Espírito Santo: Convence-nos do pecado (Jo.16.8); e nos ensina, guia e lembra-nos da verdade que é a palavra de Deus (Jo.14.26; Jo.16.13).

(1Co.6.9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, 10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. 11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus).

CONCLUSÃO: O nosso dever não consiste apenas em nos afastar do pecado e de toda a forma de paganismo, mas também de combatê-los com a pregação do evangelho e com nossa maneira de viver, assim como fizeram os primeiros cristãos. O cristianismo é a única religião do planeta que tem o Espírito Santo (Jo 14.16,17). É Ele quem nos capacita a viver em santidade e a vencer as tentações. Somos privilegiados porque temos Jesus e o Espírito Santo.

Por: Pb. Tiago Luis Pereira (Professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – missões)

Cristais – Mg 23/08/17


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